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DA INFORMAÇÃO À NOTÍCIA


Jonnathan Monteiro é formado em jornalismo pela Faculdade do Vale do Ipojuca, em Caruaru, Pernambuco. Tem passagem por diversos veículos como rádio, jornal impresso e on-line, mas foi na Tv que mais se identificou e permanece há quase 9 anos. Atualmente é repórter da TV Jornal Recife/SBT, professor, palestrante e consultor de comunicação. Nesta última função é especialista, tendo as mídias sociais como foco de suas consultorias.

BLOG: O que diferencia uma informação de uma Notícia?


JONNATHAN MONTEIRO: Uma informação é um fragmento. Ela vai se amarrando com outras até se transformar em notícia. Se eu digo apenas "hoje", me refiro apenas a uma informação de tempo. Sozinha, ela não mensura nenhum entendimento factual. Mas se falo "Prazo para entrega do Imposto de Renda encerra HOJE", tenho muitas informações que juntas são notícia. Notícia relevante, que ajuda as pessoas. Mas lidar com informação não significa apenas amarrar elas de um jeito que se transforme em notícia. O grande desafio dos jornalistas competentes e comprometidos com a ética, hoje em dia, está em usar a informação de forma prudente e útil para o bem comum da sociedade.

BLOG: A notícia obrigatoriamente responde as seis perguntas (O que, Quem, Quando, Onde, Como, Por quê?) básica do jornalismo? Porquê?


JONNATHAN MONTEIRO: Nem sempre é "obrigatoriamente". Em algumas situações, alguma pergunta fica sem resposta. O "porquê", por exemplo, é uma resposta que dá trabalho. Nos incêndios sempre dizemos que "só depois de uma minuciosa perícia é que pode-se saber o que pode ter provocado o fogo". Isso cumpre com o dever básico do jornalista em responder o que deve ser dito e que está estabelecido em uma norma mundial dos princípios jornalísticos. A "ciência da informatividade" entendeu que as seis perguntas são essenciais para que alguém entenda um fato, uma notícia. Concordo com a necessidade básica da aplicação do conceito, mas acho que também é um grande desafio do jornalista ir além das perguntas. Elas são necessárias, mas às vezes, podem agendar o pensamento. Então, é extremamente importante que quem pergunta saiba procurar mais, criar suas próprias perguntas. E aí isso acaba virando uma grande diversão onde o leitor/telespectador/ouvinte é quem ganha porque a medida que o óbvio vai sendo esmiuçado, ele se torna mais completo e possibilita a formação de uma opinião mais sólida.


BLOG: Quais notícias são consideradas "hard News"?


JONNATHAN MONTEIRO: O conceito "hard news" é uma herança de princípios norte-americanos. Ele se refere a "notícias importantes". São aquelas que mexem com a vida das pessoas profundamente, geralmente, política e economia. Acho que o problema é como elas são retratadas nos dias atuais. Tem muitos jornalistas se especializando nessas áreas e parece que cada vez mais, ao fazer isso, eles se distanciam do real cumprimento de informar. Falar de "notícias importantes" significa mais do que nunca tomar ciência de que as pessoas precisam entendê-las. Por outro lado, podemos iniciar uma polêmica sem fim acerca desse assunto. O que seria notícia importante? Quem define isso? Será que só a notícia "x" ou "y" pode ser uma "hard news"? Nem vou entrar na esfera de me aprofundar nessa discussão mas que o assunto cabe um debate importante, cabe. É muito complicado definir em jornalismo. Sempre estamos com conteúdo, informações, "vidas" nas mãos. Será que estamos agendando? Será que estamos prejudicando algum ciclo saudável do acontecer? São perguntas para fazer ferver as reflexões dos mais inquietos sociais e que sempre passa pela cabeça do jornalista que sabe da importância de seu papel na sociedade.


BLOG: A veracidade da notícia deve-se a quê?


JONNATHAN MONTEIRO: Sem dúvida alguma, a veracidade de uma notícia está intimamente ligada à fonte. Quem me fala algo define se aquilo é verdade ou mentira. A notícia pode ter milhares de foras, versões e interpretações. São os entrevistados (as fontes a quem recorremos) que definem a credibilidade de uma notícia.

BLOG: Na sua opinião a notícia tendenciosa fere a imparcialidade e manipula a opinião pública?


JONNATHAN MONTEIRO: Sem dúvida alguma. Na Minha Opinião quando você noticia algo pendendo pra um lado, você está sendo parcial. Há muitas discussões na literatura da comunicação sobre o conceito de "imparcialidade". Há quem diga que ela não existe, até mesmo para os perseguidores mais fanáticos dela. Nessa roda de possibilidades do que possa ser ou não ser, eu acredito que na vida real devemos sempre buscá-la. Se ela existe completamente ou não, é uma outra discussão. A opinião pública é agredida sim pela "tendencionalidade". Se uma notícia é levada a uma interpretação, naturalmente milhares de pessoas poderão consumir essas informações de maneira passiva. Então, como não dizer que a opinião pública não é ferida?


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