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A VOZ DO PLANALTO


Um tabloide com tiragem de dois mil exemplares, lançado em 2 de janeiro de 2000, na tentativa, bem sucedida, de preencher lacunas existentes na comunicação impressa no município de Carpina em Pernambuco, área de planalto. Uma idealização do jornalista pernambucano, Ramos Silva, em parceria com os radialista Nathan Lucas, falecido em 2006 e Denis Araújo. Distribuído apenas em Carpina, Lagoa do Carro, Nazaré da Mata, Lagoa de Itaenga e Paudalho na Zona da Mata do estado, assim surgiu o “Jornal Voz do Planalto” (VP). Passados 15 anos, com tiragens mensais, hoje o impresso atinge mais de 60 municípios da Mata Norte e Sul, Agreste, além do Recife e cidades da Região Metropolitana. E quem nos conta mais sobre a história do VP é o seu fundador e Diretor-Presidente, Ramos Silva.


BLOG: Quais as dificuldades de manter um jornal em uma cidade do interior?


RAMOS SILVA: Manter um jornal mensal há 15 anos ininterrupto em uma região como a nossa sempre foi um desafio. Independente da época que vivenciamos o jornalismo imprenso sempre enfrentou dificuldades para se manter, especialmente se observamos nossa formação cultural e condições sociais, políticas e econômicas. Posso dizer que manter o VP é uma luta diária, como bem afirmou o escritor e também jornalista Gabriel Garcia Marques “o jornalismo é uma paixão insaciável” e esse desejo que nasce após cada pauta que nos motiva a manter um veículo de comunicação há 15 anos.


BLOG: Como encarar a ampliação das mídias digitais?

RAMOS SILVA: Apesar do futuro ainda ser incerto, encaro a ampliação das novas mídias como um novo desafio para as empresas e profissionais de comunicação. Esta dita “ameaça” também representa um leque de novas oportunidades. Como a comunicação é dinâmica, os formatos, pautas e meios de se comunicar devem acompanhar essas transformações. Afinal, para atender a um público cada vez mais exigente, imediatista e que agora é o próprio agente da comunicação, nós que fazemos o impresso temos que nos reciclar diariamente.


BLOG: Qual a linha editorial do VP?


RAMOS SILVA: A linha editorial do VP contempla um público variado sempre com o foco nos assuntos de interesse das regiões de atuação do nosso periódico. As pautas são diversas e variam entre política, economia, urbanismo, lazer e cultura até o turismo, a arquitetura, a moda e a gastronomia, por exemplo. Nesses 15 anos houve relevantes mudanças, seja na diagramação, formato a segmentação. Buscamos sempre corresponder o interesse do nosso público alvo, seja leitor ou assinantes. Nosso diferencial é a abordagem local, ou seja, a divulgação dos assuntos do cotidiano interiorano.


BLOG: Como funciona a seleção das notícias?


RAMOS SILVA: Para não perder a atualidade das notícias a pauta criteriosamente se prende aos assuntos atemporais ou cuja realização se dará após a publicação do VP. A produção das matérias não se detém as datas, mas a relevância do assunto para o leitor. A valorização dos personagens também é outra estratégia de comunicação. Por exemplo, num período de Carnaval, as matérias não vão se limitar a informar às datas que cada bloco saíra em um determinado município, mas o texto vai abordar a cultura local e quais os principais grupos que fazem parte desse folguedo naquela cidade. Nesse caso, a matéria pode ser mais um roteiro para o turista conhecer as particularidades daquele município do que apenas ser uma agenda cultural.


BLOG: O que mais marcou o Voz do Planalto durante esses 15 anos.


RAMOS SILVA: Nesses 15 anos várias pautas marcaram nossa trajetória, mas uma especial destaca bem o compromisso social do jornalismo que sempre nos pautou. No ano de 2004, descobrimos o caso de Heleno José de Atahaíde, 33 anos, que há 13 vivia em cárcere privado no Sítio Cajá dos Tatus, zona rural de Surubim, no Agreste de Pernambuco. Com problemas mentais o homem era mantido em uma pequena casa com sala, quarto banheiro com grades de ferro na única porta existente e um buraco que serve de janela, por onde ele recebia as refeições. As condições que Heleno está submetido eram sub humanas. A agricultora Josefa Maria da Conceição, 80 anos, justificava o tratamento do filho devido o comportamento violento que ele tinha e pelas tentativas fracassadas em mantê-lo internado. Após a publicação da matéria o caso ganhou repercussão e as autoridades se sensibilizaram e providenciaram o tratamento médico adequado para Heleno.

AGRADECIMENTOS: DYOGO BASTOS // MARIANA BORBA


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